A novela “Três Graças” prepara uma mudança significativa em sua narrativa para os próximos capítulos. A produção vai corrigir uma incoerência que vinha incomodando parte do público desde a estreia: a livre circulação do policial Paulinho (Romulo Estrela) pela comunidade da Chacrinha, território dominado pelo tráfico, sem qualquer resistência ou consequência.
A correção será exibida no capítulo da próxima segunda-feira (29), quando Bagdá (Xamã), liderança local, confronta Paulinho e deixa claro que a presença de policiais na área só será permitida com autorização. A cena marca o primeiro momento em que a novela impõe uma hierarquia clara na comunidade, reconhecendo a autoridade informal de Bagdá e os códigos internos que regem o local.
Mais do que um embate entre personagens, o episódio representa uma reorientação da narrativa, que passa a retratar com mais fidelidade o controle exercido por facções em áreas marginalizadas. A ausência de obstáculos enfrentados por Paulinho até então enfraquecia o discurso social da novela, que agora se alinha melhor à realidade que pretende retratar.
Esse novo olhar também se reflete em outros núcleos da trama. Jorginho (Juliano Cazarré), ex-traficante respeitado como figura de autoridade moral na Chacrinha, atuará como mediador do conflito e garantirá que Paulinho só possa circular pela comunidade com consentimento prévio. Em paralelo, cenas do cotidiano ganham mais realismo, como quando Viviane (Gabriela Loran) impede Leonardo (Pedro Novaes) de sair à noite, alertando-o sobre os perigos da região.
Com essa mudança, “Três Graças” fortalece sua proposta dramatúrgica e reconhece que, em territórios sob domínio do tráfico, a circulação de pessoas — especialmente de figuras ligadas à polícia — não é neutra nem irrestrita. É um ajuste que devolve verossimilhança à trama e reforça o compromisso da novela com a representação de questões sociais complexas.


