O assassinato do lateral Mario Pineida, ex-jogador do Fluminense, ocorrido em 17 de dezembro de 2025 em Guayaquil, Equador, escancarou a escalada da violência no país, especialmente contra atletas e profissionais do futebol. Pineida foi morto a tiros, em mais um episódio que ilustra a crescente influência do crime organizado — em especial, o narcotráfico e a máfia das apostas — no cotidiano esportivo equatoriano.
Segundo o Observatório Equatoriano do Crime Organizado, o país registrou mais de 4.600 homicídios apenas no primeiro semestre de 2025, um aumento de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior. A taxa de homicídios chegou a 44,5 por 100 mil habitantes, colocando o Equador entre os mais violentos da América Latina.
Outros jogadores também foram vítimas de ataques recentes. Em outubro, um tiroteio durante uma partida de futebol amador em Guayaquil deixou seis mortos e 17 feridos, em um crime ligado a disputas do tráfico. No mesmo mês, Bryan Angulo, ex-Santos, foi baleado na perna a caminho de um treino. Já Jonathan González, ex-LDU, foi morto dentro de casa em setembro, após resistir a uma tentativa de manipulação de resultado por máfias de apostas.
A violência atinge até dirigentes e familiares. O presidente do clube 22 de Julio passou a exercer o cargo remotamente por medo de ser alvo. Jogadores do Chacarita foram ameaçados e forçados a deitar no chão sob a mira de armas, em vídeo divulgado em 2024. Maicol Valencia e Leandro Yépez, ambos do Exapromo Costa, foram assassinados em setembro, no dia em que Valencia havia sido apresentado ao time.
Casos de sequestro também se multiplicam. O zagueiro Pedro Pablo Perlaza foi sequestrado em novembro de 2024 e libertado dias depois. Em abril do mesmo ano, a esposa e o filho do lateral Jackson Rodríguez, do Emelec, foram sequestrados e resgatados após 24 horas. O atacante Enner Valencia, maior artilheiro da seleção do país, declarou em 2023 que não pretende retornar ao Equador, por temer pela segurança de sua família — sua irmã foi sequestrada em 2022.
A violência crescente coloca o futebol equatoriano sob ameaça, transformando o esporte em mais um campo de batalha entre o crime e a sociedade.


